segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Amargo e doce

Tive um cachorro xereta quando criança igualzinho a este.
Achava intrigante o fato de terem feito o brinquedo com a cabeça no chão.
Bom, eu não tinha cachorro naquela época e não sabia que era exatamente assim que fazem quando estão andando na rua, por exemplo.

Agora que tenho um xereta em carne, osso e pelos é que entendo a originalidade do brinquedo.
É só sair com ele na rua que se põe nesta exata posição e como diz a Chica, vai se enfronhando de tudo!
Não é preciso ser um grande conhecedor da psicologia canina para logo saber que o mundo é percebido pelo cheirar.

Em um desses momentos cheira-cheira, meu cachorro parou em uma árvore e ali ficou.

Foi quando apareceu uma senhora na janela da casa e nos soltou palavrões do mais alto escalão. Que eu não deveria sair com cachorros, ficasse com ele dentro de casa e que estava sujando a calçada dela ( será que ela desconhece o verdadeiro nome para calçada - passeio público? ).
Olhando para ela que não parava de gritar, vi que de nada adiantaria qualquer resposta ou qualquer ataque; dizer que o cãozinho só estava ali cheirando, exercitando seu olfato, seria pior. Só fiz tirar do bolso um saquinho e acenar com ele.
Claro que é desagradável as pessoas que "esquecem" de recolher a sujeira do cachorro. Mas será que tanta amargura assim é necessário?



E num dia desses de mercado cheio, ou melhor, lotado, com filas enormes, clientes que brigam com a operadora do caixa; operadora com pouca paciência, troco que falta, cartão que não passa, um senhor à minha frente embalava apressado a sua compra e quando percebi ele havia deixado uma embalagem com mortadela nas minhas compras.
Avisei-o e sorridente ele agradeceu.
Como o clima ali estava "pesado" fiz uma brincadeira, falando:
"Olha, eu bem que estou com vontade de comer mortadela, mas seria injusto eu ficar com a sua. Já pensou ter que voltar e encarar toda essa fila novamente?!"

Assim que a moça do caixa passou sua embalagem pelo leitor e o mesmo apitou, o senhor interrompeu sua arrumação das compras, abriu a embalagem e me ofereceu a mortadela.
Corei. Não queria aceitar, ele insistiu. Peguei uma fatia; a operadora do caixa, outra. Ele sorriu novamente.
Fomos para casa adocicados.
Porque tem doçura também nos salgados!

12 comentários:

  1. Aqui em casa esse XERETA passou pelos filhos e anos mais tarde, foi novamente "novidade" e Neno o ganhou!

    É um amor! Os XERETAS de carne e osso são adoráveis e nos fazem passar, como as crianças, por situações assim. Saudades do tempo dos filhos se interessarem pelo Xereta. Ainda as preocupações com eles e incomodações eram menores.


    Pobre daquela senhora azeda, amarga e rabugenta,mal amada,certamente!

    Quanto ao senhor do supermercado, coisas assim adocicam o dia de qualquer um, ainda que alguns insistam em querer nos fazer tapar as cores alegres do dia!

    Pois eu os burlo e aqui estou...

    beijos,chica

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  2. Oi Ana Paula!
    Aquela senhora na janela está precisando da companhia de um cachorrinho;-)

    Aquele senhor do supermercado tem receita de "doce de mortadela" ;-)

    Abração
    Jan

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  3. Meu filho teve um cachorro desses de brinquedo, me lembra Sherlock Homes :)
    Dos de verdade, convivemos com um qd enquanto moramos com meus pais, que xeretava como todos xeretam, fuçam, suam e remexem as bicocas como chamo o focinho dos cães em linguagem fofa :)

    * Adoro qd eles espirram!

    Qt a senhora reclamenta, vá saber o que atinou sua berraria, vai que uma em mil pessoas, como vc, leva o saquinho e a maioria a faz limpar e cheirar dejetos. Não justifica, mas!!!
    Que ela se adoce, por gosto ou milagre, que pense que vc e outros não são maioria, que faça um recadinho e ponha no lugar, engraçado, simpático talvez e assim fique bom para todos.

    Qto ao senhor da mortadela, amei sua tiradinha e seu arremate doce na contação.
    Fiquei foi pensando como eu me sairia dessa, pois detesto mortadela!

    Que hajam muitos senhores compoteiros de mortadela, caixas simpáticas, Ana Paulas, Chicas e laços de fitas no nosso dia-a-dia.

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  4. Oiiii Ana, que legal o lanchinho extra no caixa do supermercado srsrr quanto a senhora e "sua" calçada, deve ser pouco amada coitada rsrs Bjoossss

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  5. Momentos raros, situações inusitadas...
    Que bom! isto me diz para não perder as esperanças!
    Amém!!!
    Bjs
    Vania

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  6. O senhor da compra teve muita presença de espirito...

    Sobre o cachorro, imagina qta gente vai la e não cata as coisas para ela ficar desse jeito.

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  7. Não é todo dia mas acontece depararmos com cenas simpáticas assim como das'mortadelas' rs
    -já o cãozinho a gente depara toda hora com os passeios comuns e necessários _importante é a sacolinha estar junto ,talvez o descaso de muitos tenha desencadeado aquela reclamação exasperada.Também acontece!
    O jeito é passar incólume que a pessoa em questão acaba se mancando da grosseria sem fundamento.,
    Uma dose de bom humor e educação cabe tanto em todos os lugares ...precisamos sair de casa munidos disso.
    O dia fica mais leve .
    Um abraço grande Ana

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  8. Momentos assim quebram o gelo do viver e nos lembram de que somos todos gente. Lindo texto!

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  9. Ana Paula, kkk! Vou ignorar a parte da postagem que fala da educação da " tiazinha " da janela. Muito triste, né?!
    Adorei a situação da mortadela. Se fosse aqui em Taubaté aconteceria o mesmo. Vez por outra vejo na rua uma pessoa correndo atrás de uma mãe com criança no colo para levar um pedaço de "bijú". Diz que a criança viu e a coitadinha não pode ficar com vontade.
    Você percebe nessas coisas a simplicidade e o amor das pessoas. Isso faz bem para quem recebe, mas acho que é muito mais gratificante para quem oferece.
    Ana Paula, essa vida é linda e a gente tem que curtir bastante esses momentos.
    Um beijo,
    Manoel

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  10. Ah, que linda história! Gostei, mas fiquei curiosa é com o Xereta, seu cão. O que ele procurava? Depois me conta!
    Beijinhos! :)

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  11. Ana, tantas coisas para comentar nessa crônica super legal, mas, para não me alongar, vou falar do que mais gostei: o doce de mortadela! Que surpreendente e adorável atitude a desse senhor! Contrastando, naturalmente, com a da senhora... mas a vida é assim, a gente se depara com o azedume de muitos e a boa vontade de poucos, mas esses valem por milhares, nos fazem ganhar o dia!

    Adorei o texto e a dica: bom humor é sempre a melhor opção! De brinde você ainda ganhou uma fatia de mortadela... rsrsrsr

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  12. Oi Ana Paula.
    Quanto tempo não passo por aqui para ler você!

    Não sei se tive um cachorro desses ou se já brinquei com o de alguém. Só sei que lembro desse brinquedo.

    Fico feliz quando encontro pessoas que dão um basta, um "chega pra lá" na amargura dos outros... Gritos por causa do passeio com o cachorro, supermercados lotados...

    Também tento ser o mais tranquila possível nessas situações de stress que nos atinge diariamente.

    Bjo pra ti.

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